quinta-feira, 27 de março de 2008

Música sem barreiras

Matéria publicada no jornal A Cidade (Ribeirão Preto/SP), em 27 de Março 2008, por Régis Martins

DUPLA DINÂMICA Os DJs Décio Deep e Dudu Palandre formaram o Projeto Anhanguera há 4 anos


Entre os vários subgêneros que fazem parte da música eletrônica, uma dupla de Ribeirão Preto e região ganha destaque internacional no estilo que muitos definem como o mais classudo, porém, ainda pouco acessível no Brasil: o tal house underground.
Décio Deep, de 26 anos, e Dudu Palandre, de 28, formaram há quatro anos o Projeto Anhanguera que, seguindo a máxima de que santo de casa não faz milagre, passou a ser mais conhecido no exterior do que no Brasil.
Tanto que a dupla foi escalada para participar de um dos festivais mais famosos de música eletrônica em Miami hoje.
Infelizmente, apenas Décio seguiu viagem já que Dudu teve seu visto negado pelo consulado norte-americano.
Mesmo desfalcado, o projeto Anhanguera vai marcar presença no WMC, ou melhor, no Winter Music Conference, um festival que reúne produtores e Djs de todo o planeta. Décio vai mostrar seu “play list” na festa do selo francês Robsoul Recordings, que já lançou algumas faixas da dupla.
- Vou tocar na cobertura do hotel Beach Plaza em South Beach, informa Décio em entrevista por telefone de São Paulo, onde vive e trabalha em Publicidade desde 1999.

House Safado

Nascido em Ribeirão Preto, Décio foi um dos sócios-fundadores do coletivo de DJs Tutu, que renovou a música eletrônica local.
- Minha paixão pela música é antiga e o Tutu sempre primou pela diversidade, ressalta.
Neste contexto, o Projeto Anhanguera segue uma vertente que vai muito além do bate estaca repetitivo das raves que vicejam na região.
- Temos muita influência de música soul e disco. É um som alegre com muita black music, brinca.
É o tipo de som que alguns especialistas definem também como “jackin’ house”, algo como “house safado”.
Em 2005 o duo já ganhava destaque ao participar da antologia Amp MTV House com a faixa “Velotrol”, mas foi em 2007 que o projeto começou a ganhar projeção internacional.
- Desde os anos 90 escuto house, mas nunca imaginei que me tornaria produtor, garante Décio.

Reconhecimento

Um produtor que, ao lado do amigo Dudu, já ganhou reconhecimento de DJs do house underground como Mark Farina, Phil Weeks, Jason Hodges e Slater Hogan que começaram a tocar o som dos meninos do interior no WMC do ano passado.
Foi graças ao sucesso no evento que conseguiram lançar suas primeiras faixas em selos internacionais como Robsoul (França), Patsada Records (Bélgica), Shak Digital (Alemanha).
Décio acredita que a participação no festival de Miami deve garantir mais visibilidade para o projeto.
- É uma vitrine para o mundo inteiro, explica.
Para o parceiro Dudu, participar do WMC significa abrir caminho para mercados mais interessantes e rentáveis.
- Lá tem produtores e promoters de todo o planeta. Vai ser bom porque estamos tentando agendar alguns shows para o segundo semestre na Europa, revela.

Estúdio caseiro

O método de composição da dupla é totalmente informatizado. Dudu tem um estúdio caseiro em Sertãozinho onde, munido de um computador, caixa de som e sintetizador, cola trechos de outras músicas (samples) a bases pré-gravadas. Muitos destes samples são enviados por Décio pelo e-mail em formato Mp3.
- Eu e o Décio nos encontramos muito pouco, por isso trabalhamos muito com a internet, informa.
O nome “Projeto Anhanguera”, que faz referência à rodovia paulista, nasceu exatamente por causa desta distância entre os DJs. Suas músicas unem baixos funk, samples de jazz, disco e hip hop. O resultado é uma música eletrônica sexy, envolvente e diferenciada. E até por causa disso, não muito popular na região.
- Eu costumo dizer que fazemos uma eletrônica “indie” que não tem nada a ver com “modinha”, argumenta.

Minimal

Dudu afirma que a onda nas raves brasileiras é um estilo conhecido como “minimal”, com uma batida repetida a exaustão.
- Nós fazemos outra coisa. Somos DJs de clube e gostamos de fazer a mulherada rebolar, diverte-se.
Contrariando a idéia de que DJs não entendem nada de música, o sertanezino teve aulas de violão ainda garoto e sabe tocar bateria. Mesmo assim, sua grande paixão é a música feita em computadores.
- Tem muito músico que é DJ. Até mesmo filhos de roqueiros famosos. A filha do Raul Seixas, por exemplo, Vivi Seixas, é DJ no Rio de Janeiro, ressalta.
O DJ também não concorda com a idéia de que música eletrônica não tem diferença.
- É como rock. Quem não conhece, acha tudo igual. Mas na verdade, os estilos são bem diferentes, garante Dudu, que já tem gravado material novo com direito a vocais.
Uma das faixas inéditas é cantada em português, com as vozes de um grupo de hip-hop feminino de Ribeirão Preto.
- A outra música, “Miss Not”, é cantada pelo meu professor de inglês, revela Dudu.

Quem quiser conhecer o trabalho do Projeto Anhanguera pode acessar os sites www.myspace.com/anhanguera ou http://www.anhanguera.net/.

4 comentários:

Pedro Almeida disse...

briiiiiiiiiinca com as creanças

Unknown disse...

ótimo!! Adorei a matéria! Decio me liga todo dia de Miami, varios djs gringo top tocando nossos sons. Mto demais!!!!! Valeu pela força Tutuzada!

victor disse...

ae, gostei muito do anhanguera.
to ouvindo aqui no my space.
boa sorte la na gringa!

victor (jecatron)

Anônimo disse...

Salve Anhanguera e Coletivo TUTU!

Muito massa a matéria... estão de PARABÉNS!!! O Brasil está muito bem representado nas gringas... Força e Luz nesta caminhada Sonora.

No mais... aquele abraço das Geraes

Yuga