“Enfim se descobrira e levava-se às últimas conseqüências uma espécie nova de lógica sonora, que não derivava mais do material que faz a música.”
(Mário de Andrade, 1941, Romantismo Musical, in O Baile das Quatro Artes, Ed. Martins, SP)
1922 – Semana de Arte Moderna, marco instaurador do movimento modernista brasileiro. Fruto da reunião de um grupo de artistas/intelectuais, dentre eles, Mário de Andrade. Quiçá, O PRIMEIRO COLETIVO NACIONAL!
E foi esse entusiasmo coletivo que encorajou Mário a dizer versos no palco ou conferenciar nas escadarias, do Teatro Municipal de SP, sob vaias de anônimos burgueses que não compreendiam a estética da ruptura, o espírito do novo, bradado pelo então professor catedrático de História da Música e Estética no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Depois disso? Ainda vieram: Ensaios sobra a música brasileira, 1928; Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena história da música brasileira, 1942); Música, doce música, 1933; Música do Brasil, 1941, além de ser escolhido como Patrono da Cadeira n. 40 da Academia Brasileira de Música.
2002 – numa semana qualquer, marco instaurador de algo despretensioso. Da reunião de artistas/amigos/á toas, sob a aura do Professor Alcides, instaura-se em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o Coletivo Tutu. Na toada do tempo, na terra brasilis, com Instituto, Coletivo Universal, Instinto Coletivo... na toada do mundo.
Guardem-se as proporções, comparações.
A pré-consciência musical emerge nas pick-ups, cdjotas, embala as pistas.
É o som do antes, sampleado no agora.
Até Tu Tom Zé?
“È o passo no compasso”
”Eu tô dividindo prá poder sobrar.”
E na era das trocas, do share, por que não fazermos um shake, um mix (quem sabe até um groove) de todas as sonoridades, enaltecendo e divulgando o que há de bom? Como diz DJ Pedro Bó: compartilhando nossos sentimentos, nossa celebração, aquilo que acreditamos ser nossa propriedade, nossa onda nas milhares de ondas sonoras. Saravá resgate, DJ Dolores com a Orquestra Santa Massa! Saravá samba, Fino Coletivo! Saravá Swing! Saravá Som!
Tudo isso levado pelos homenzinhos sobre suas aparelhagens.
São os disc-jóqueis!
Viva a mudernidade!
Ê tum ê tum ê tum!
Sscraaaaaaaaaatch!
por simone
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Mário e o Coletivo
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5 comentários:
os movimentos precisam ser espontâneos... fazer sentido na cabeça de cada qual que por si se envolve e participa, não é de cima para baixo, nem de baixo para cima, a coisa deve acontecer na horizontal... e um a um, a cambada vai ficando maior... o movimento deve também ter uma certa plasticidade, saber evoluir com as inúmeras especificidades... sei lá... mas o lance é que o coletivo Tutu, do último domingo, foi sublime por ser além de espontâneo,totalmente despretensioso... cada um com seu calor e disponibilidade total para interagir... eu particularmente que não sei cantar e bater palmas ao mesmo tempo curti muito!!!!
valeu galera!
Você disse exatamente tudo Si. Nenhuma palavra seria necessária para complementar.
Só confesso que parto para esse movimento sonoro-mix-cultural um pouco atrasada...rs. É a falta de tempo e o cansaço. :)
Mas não sei se estaria tão bemum hoje se não existisse o tutu!
"Excelente Maravilha!!!" como diria meu conterrâneo Pereira da Viola, adorei logo que me mostrou, tudo há ver com a "conspiração universal", com o "tudo se converge", com o "instinto coletivo"...
"eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra exclarecer...". Não há nada de novo, estamos apenas recriando o velho com "ar de novidade", ou seja, "lavô tá novo". Sejamos bairristas, mas acima de tudo universal e não globalizado.
Salve Carmem Miranda, João Gilberto, O Velho Guerreiro, Jorge "Sanctus" Ben!, Santos Dummont, Grahm Bell, Tropicália, Glauber Rocha, Big Boy & Ademir, "Bitches Brew", Sound System Jamaicano, Afrika Bambaataa, Kool Herc & Grand Master Flash, Virgulino Lampião & a Cabruêra, Mangue Bit, Zé Côco do Riachão... e como diria meu amigo DJ Fausto Salve o Vinil, porque disco é Cultura!
No mais... aquele abraço
Yuga
Só pra lembrar o Língua de Trapo:
"DISCO É O CASSETE"
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