sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Mário e o Coletivo

“Enfim se descobrira e levava-se às últimas conseqüências uma espécie nova de lógica sonora, que não derivava mais do material que faz a música.”

(Mário de Andrade, 1941, Romantismo Musical, in O Baile das Quatro Artes, Ed. Martins, SP)

1922 – Semana de Arte Moderna, marco instaurador do movimento modernista brasileiro. Fruto da reunião de um grupo de artistas/intelectuais, dentre eles, Mário de Andrade. Quiçá, O PRIMEIRO COLETIVO NACIONAL!

E foi esse entusiasmo coletivo que encorajou Mário a dizer versos no palco ou conferenciar nas escadarias, do Teatro Municipal de SP, sob vaias de anônimos burgueses que não compreendiam a estética da ruptura, o espírito do novo, bradado pelo então professor catedrático de História da Música e Estética no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

Depois disso? Ainda vieram: Ensaios sobra a música brasileira, 1928; Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena história da música brasileira, 1942); Música, doce música, 1933; Música do Brasil, 1941, além de ser escolhido como Patrono da Cadeira n. 40 da Academia Brasileira de Música.


2002 – numa semana qualquer, marco instaurador de algo despretensioso. Da reunião de artistas/amigos/á toas, sob a aura do Professor Alcides, instaura-se em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o Coletivo Tutu. Na toada do tempo, na terra brasilis, com Instituto, Coletivo Universal, Instinto Coletivo... na toada do mundo.

Guardem-se as proporções, comparações.

A pré-consciência musical emerge nas pick-ups, cdjotas, embala as pistas.
É o som do antes, sampleado no agora.
Até Tu Tom Zé?

“È o passo no compasso”
”Eu tô dividindo prá poder sobrar.”

E na era das trocas, do share, por que não fazermos um shake, um mix (quem sabe até um groove) de todas as sonoridades, enaltecendo e divulgando o que há de bom? Como diz DJ Pedro Bó: compartilhando nossos sentimentos, nossa celebração, aquilo que acreditamos ser nossa propriedade, nossa onda nas milhares de ondas sonoras. Saravá resgate, DJ Dolores com a Orquestra Santa Massa! Saravá samba, Fino Coletivo! Saravá Swing! Saravá Som!

Tudo isso levado pelos homenzinhos sobre suas aparelhagens.
São os disc-jóqueis!

Viva a mudernidade!

Ê tum ê tum ê tum!
Sscraaaaaaaaaatch!

por simone

5 comentários:

Ju Padilha disse...

os movimentos precisam ser espontâneos... fazer sentido na cabeça de cada qual que por si se envolve e participa, não é de cima para baixo, nem de baixo para cima, a coisa deve acontecer na horizontal... e um a um, a cambada vai ficando maior... o movimento deve também ter uma certa plasticidade, saber evoluir com as inúmeras especificidades... sei lá... mas o lance é que o coletivo Tutu, do último domingo, foi sublime por ser além de espontâneo,totalmente despretensioso... cada um com seu calor e disponibilidade total para interagir... eu particularmente que não sei cantar e bater palmas ao mesmo tempo curti muito!!!!
valeu galera!

Caixinha de Surpresa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caixinha de Surpresa disse...

Você disse exatamente tudo Si. Nenhuma palavra seria necessária para complementar.
Só confesso que parto para esse movimento sonoro-mix-cultural um pouco atrasada...rs. É a falta de tempo e o cansaço. :)
Mas não sei se estaria tão bemum hoje se não existisse o tutu!

Black Sonora disse...

"Excelente Maravilha!!!" como diria meu conterrâneo Pereira da Viola, adorei logo que me mostrou, tudo há ver com a "conspiração universal", com o "tudo se converge", com o "instinto coletivo"...

"eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra exclarecer...". Não há nada de novo, estamos apenas recriando o velho com "ar de novidade", ou seja, "lavô tá novo". Sejamos bairristas, mas acima de tudo universal e não globalizado.

Salve Carmem Miranda, João Gilberto, O Velho Guerreiro, Jorge "Sanctus" Ben!, Santos Dummont, Grahm Bell, Tropicália, Glauber Rocha, Big Boy & Ademir, "Bitches Brew", Sound System Jamaicano, Afrika Bambaataa, Kool Herc & Grand Master Flash, Virgulino Lampião & a Cabruêra, Mangue Bit, Zé Côco do Riachão... e como diria meu amigo DJ Fausto Salve o Vinil, porque disco é Cultura!

No mais... aquele abraço

Yuga

Francis Wiermann disse...

Só pra lembrar o Língua de Trapo:

"DISCO É O CASSETE"